Linha 4 do Metrô do Rio ganha o "Oscar" dos túneis

A inovação tecnológica realizada pelos engenheiros da obra da linha 4 do metrô carioca venceu nesta semana o ITA Tunnelling Awards 2016, o maior prêmio da área túneis do mundo. Os vencedores são engenheiros da Odebrecht, líder do Consórcio responsável pela obra. O anúncio ocorreu em Singapura. A obra foi a única brasileira que disputou o prêmio em 2016. Foram apresentados dezenas de projetos e, na final, ficaram propostas de cinco países. 
 
 
 
O Prêmio é o reconhecimento mundial do trabalho dos engenheiros Júlio Pierri, Alexandre Mahfuz, Carlos Henrique Turolla, além dos consultores Marc Comulada e Ulrich Maidl, que fizeram várias pesquisas no laboratório da obra para adaptar o tatuzão híbrido para escavação em rocha e areia. E isso numa área densamente povoada como é a Zona Sul do Rio. O Prêmio mostra que a qualidade da engenharia brasileira alcança reconhecimento mundial.

O ITA Awards premiou a inovação tecnologia da obra com o inédito sistema de escavação utilizado. Para construir 5,2 quilômetros de túnel da Linha 4 do Metrô no subsolo de Ipanema e Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, a engenharia brasileira precisou desenvolver novos métodos que permitissem a execução das obras com menor impacto possível na superfície e sem desapropriar imóveis. Uma das inovações foi a utilização do Tatuzão híbrido, um sistema inédito que permite a escavação em solo arenoso e em áreas densamente povoadas.

Com a utilização do Tatuzão híbrido (Tunnel Boring Machine EPB - Earth Pressure Balanced) foi possível cruzar uma geologia complexa com eficiência e segurança. O terreno dos túneis incluía uma longa extensão de areia de praia cercada por dois trechos de rocha altamente abrasiva. A máquina foi fabricada sob medida para o solo carioca pela alemã Herrenknecht. Ela contou com um diferencial inédito que foi o sistema adicional específico para preparação do solo, como conta Julio Pierri, engenheiro da Construtora Norberto Odebrecht, responsável pela área de engenharia do projeto da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro.

“Usamos pela primeira vez no mundo um EPB em solo arenoso em uma região com muitos prédios e com grande circulação de pessoas e veículos. Antes, o equipamento só havia sido utilizado outras duas vezes nesse tipo de solo, mas em trechos curtos e em áreas pouco ou nada povoadas. Para realizar nosso trabalho, criamos um sistema interno para injetar diversos tipos de material para preparar o solo durante a escavação. Um deles foi uma espuma com polímero especial, feita sob medida para o subsolo da Zona Sul do Rio. Isso ampliou a capacidade da máquina em operar na areia, dando maior segurança”, explicou.

No desenvolvimento dessa nova técnica de escavação, Julio Pierri trabalhou ao lado dos engenheiros Alexandre Mahfuz e Carlos Henrique Turolla, também da Construtora Norberto Odebrecht, com apoio da consultora MTC. “O desafio era imenso. Tínhamos que construir o túnel debaixo do leito das ruas, sem passar por baixo de nenhum prédio e com o menor risco possível. Alguns edifícios estavam a apenas 12 metros do túnel. Não tínhamos como usar o Tatuzão Slurry porque era muito arriscado pela possibilidade de provocar abalos severos no solo e pela maior complexidade da operação. O EPB também não tinha um sistema de condicionamento de solo adequado às necessidades do projeto. Por isso, a saída foi desenvolver um modelo de equipamento específico para aquela região, que chamamos de TBM EPB Híbrido”, complementa Mahfuz.

O EPB híbrido possibilitou trabalhar com controle da pressão na frente da máquina e minimizar a possibilidade de abalo na superfície ou nas edificações do entorno, além de proporcionar uma considerável redução no volume de materiais usados na preparação do solo e no consumo de energia. A aplicação desta tecnologia permitiu ainda reduzir o apoio à operação do equipamento, o que era extremamente necessário nesta região completamente urbanizada da cidade.

Novo trecho encurta distância entre os bairros da zona Sul e Barra da Tijuca

Considerada o maior legado em mobilidade que a cidade do Rio de Janeiro ganhou com os Jogos Olímpicos, a Linha 4 do Metrô foi a maior obra de infraestrutura urbana realizada nos últimos anos na América Latina. Construída em seis anos, dentro da média mundial para sua alta complexidade técnica, a nova linha metroviária cumpriu as normas internacionais mais rigorosas para a construção e operação de metrôs no mundo. O projeto utilizou tecnologias de ponta nacional e internacional para atravessar bairros densamente povoados, com menor impacto à superfície e aos moradores do entorno.

O projeto representa a execução, de uma só vez, de toda a malha de metrô subterrâneo construída na cidade nos últimos 30 anos. Com a nova linha, cariocas e visitantes passam a ter uma alternativa de transporte rápido, moderno, eficiente e sustentável. A Linha 4 deve transportar 300 mil pessoas por dia, retirando das ruas cerca de 2 mil veículos por hora/pico em cada sentido do eixo Barra-Zona Sul. Fonte: Divulgação Foto: Henrique Freire


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